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A história do striptease, parte 1: quando as deusas tiravam Tops

Quando as deusas tiravam as blusas: striptease antes da nossa era

Quando eu ainda trabalhava no clube, os clientes sempre perguntavam: „Há quanto tempo você faz isso?“ Eu erguia a sobrancelha e dizia: „Bom, se contar desde o Egito Antigo, faz um tempo.“ Eles riam. Eu não. Porque, tirando o sarcasmo, é quase verdade.

Eu olho tudo com jeito analítico. Sim, não riam – apesar da profissão, sou historiadora formada e pesquisadora na vida. Então, numa bela manhã depois de um turno no clube, pensei: Somos mesmo os primeiros que gostam de dançar de lingerie por dinheiro?

Spoiler: antes de nós tinha a Mesopotâmia. E, acredite, lá eles mandavam ver.

Egito: pirâmides, faraós e o primeiro striptease

Imagina: é 2025 a.C., uma noite quente às margens do Nilo. Você tá toda coberta de joias douradas, vestindo um tecido leve e transparente, dançando numa festa pra deusa Hathor – patrona do amor, vinho e diversão. Ou seja, quase minha irmã de alma.

Uma diferença: as danças de então não eram só „vender sexo“, como falam na internet, mas um ritual inteiro. As mulheres – sacerdotisas ou concubinas – dançavam não pra ganhar dinheiro nas calcinhas, mas pra agradar os deuses, trazer fertilidade ou, no mínimo, animar o faraó. Claro, os faraós também curtiam garotas dançando com joias e peitos à mostra. Mas, no geral, era um culto, sem a vulgaridade que conhecemos.

Então, quando subo no palco em 2025 (já na nossa era), eu meio que continuo uma tradição antiga. Só que na plateia não tem faraó, tem o Vadik bêbado de uma despedida de solteiro, e ninguém tá pensando em fertilidade.

Mesopotâmia: striptease no templo já foi legal

Mesopotâmia – mãe de todas as civilizações e, parece, o primeiro lugar que entendeu: corpo feminino nu = ferramenta mágica poderosa. Naquela época, as sacerdotisas da deusa Ishtar eram famosas (tipo as estrelas do OnlyFans de então), e essas garotas já sabiam que vive bem quem sabe deixar um homem louco (e agradar um pouco os deuses, mas isso é poesia).

Algumas fontes (sim, li artigos históricos, sério) dizem que a dança com striptease era parte de um ritual sagrado. Tudo sério: templo, multidão, fumaça, uma mulher nua no palco – não é show da Lady Gaga, é religião antiga. Imagina um show onde o ingresso é uma oração.

De um lado – beleza, misticismo, energia. Do outro – os mesmos caras tarados querendo „se conhecer mais de perto“. Só a desculpa muda, a essência é a mesma.

China: seda, leques e um clima escondido

Agora pro China Antiga, onde tudo era delicado, refinado e com molho cultural. As garotas nos palácios dançavam em vestidos longos de seda, e, mesmo sem o „opa, tirei a blusa“, tinha erotismo – só que disfarçado. Leques, movimentos suaves, olhares por baixo dos cílios.

Honestamente, esse estilo me cairia bem. Quando você faz a „gatinha“ no pole pela quadragésima vez numa noite, dá vontade de só balançar um leque e sumir na névoa. Mas no nosso clube, a névoa é no máximo a máquina de fumaça, se não estiver quebrada.

Grécia: o começo dos serviços de acompanhante

As hetairas – não eram só „prostitutas com carisma“. Eram mulheres que sabiam conversar, cantar, tocar instrumentos e, sim, dançar, às vezes se despir. Ou seja, tudo que tá no perfil de uma acompanhante moderna. Mas a grande diferença – eram respeitadas. Andavam com Sócrates e Platão, não animavam xeiques em festas fechadas. Tinham seguranças próprios, não eram jogadas pra fora do quarto de hotel de manhã.

As danças eram em simpósios – tipo uma festa chique pra elite, mas estilo grego antigo: vinho correndo, homens de toga, e você como convidada de honra. Lindo, elegante, inteligente. Mas, suspeito, que de manhã tudo virava sexo por dinheiro, só minha teoria. Queria acreditar que naquela época respeitavam mesmo as mulheres.

Roma: pão, espetáculos e um pouco de diversão

Aí vieram os romanos. Os gregos ainda fingiam que era „só companhia“, mas os romanos falaram: „Pff, vamos nos divertir e chamar as coisas pelo nome.“

Em Roma tinha striptease, danças privadas, garotas seminuas prontas pra ficar até de manhã. Mas o respeito nem sempre vinha. Mais vezes, eram vistas como decoração, e o resto era óbvio. Não tinham vergonha de desejos. Se tivesse uma máquina do tempo, Roma antiga seria point pra homens casados que querem „só relaxar“.

Então, o que era: arte ou vulgaridade?

Quem sabe. Pra alguns – dança sagrada. Pra outros – só uma desculpa pra olhar. E pras dançarinas? Talvez um jeito de sobreviver. De se expressar. Ou de ser necessária num mundo mandado por homens e deuses.

Não sou sacerdotisa de Ishtar, claro. Mas quando estou no palco, toda brilhante, a música explodindo, e me movo como se a colheita da Mesopotâmia inteira dependesse disso – sinto que sou parte de algo maior. Mesmo que esse „maior“ seja só o show de sexta à noite.